As articulações começaram logo após a despedida de Feliciano, que
deixou o cargo na semana passada e, pelas regras da Câmara, não pode
mais ser reconduzido à presidência do colegiado.
A estratégia dos evangélicos é convencer os partidos a indicar o maior
número de representantes da bancada religiosa para compor a comissão em
fevereiro, quando os deputados voltam ao trabalho após o recesso do fim
de ano.
A avaliação de integrantes da bancada é que a comissão poderá ser um
palco importante para os evangélicos defenderem seus pontos de vista e
conquistarem votos nas eleições do próximo ano.
Em 2013, os trabalhos da comissão foram tumultuados devido à
resistência dos movimentos sociais a Feliciano, a quem muitos militantes
acusam de racismo e homofobia.
Mesmo sob ataque, inclusive durante a onda de protestos de rua de
junho, ele permaneceu no comando da comissão e promoveu iniciativas
polêmicas, como o projeto que autoriza psicólogos a oferecer tratamento a
gays.
Um dos nomes que circula na bancada para representar os religiosos é o
do deputado Marcos Rogério (PDT-RO). Alinhado a Feliciano, ele ajudou a
derrubar projetos de interesse de movimentos sociais, como o que
garantia igualdade no serviço público, independentemente de gênero e
raça.
A movimentação dos religiosos, no entanto, pode esbarrar numa
contraofensiva preparada por deputados ligados aos ativistas para evitar
que as bancadas dos principais partidos transfiram suas vagas a siglas
menores.
O Partido Social Cristão só assumiu o controle da Comissão de Direitos
Humanos neste ano porque o PT, que a presidia, abriu mão do direito de
continuar no comando e preferiu ficar com outras três comissões,
incluindo a de Constituição e Justiça, a mais poderosa da Câmara.
O PSC não tinha direito a nenhuma vaga no colegiado, mas ficou com
cinco cadeiras na comissão. Cederam vagas para a legenda o PMDB e o PTB.
PSDB e PR também perderam espaço para integrantes da bancada
evangélica.
Maior partido da Câmara, o PT marcou para o dia 3 de fevereiro uma
reunião para definir o novo líder da bancada e as comissões que vai
escolher para presidir em 2014. Comissões que garantam apoio a projetos
de interesse da presidente Dilma Rousseff deverão receber prioridade.
Ex-ministro dos Direitos Humanos, o deputado Nilmário Miranda (PT-MG)
tenta convencer o PT a retomar o controle da Comissão de Direitos
Humanos. Já falou com 47 dos 89 deputados do PT e diz que o cenário é
positivo.
O petista sustenta, no entanto, que a composição tem que ser um
compromisso de todas as siglas. "Feliciano interrompeu 18 anos de
serviço. A comissão viveu um ano de retrocesso, com uma pauta
homofóbica, racista, discriminatória, contrária aos direitos humanos",
afirmou.
Evangélico, o deputado federal Anderson Ferreira (PR-PE) disse que os
religiosos são alvo de preconceito. "Como pode um deputado evangélico
sofrer discriminação ao buscar a presidência da Comissão de Direitos
Humanos?", questionou.
Segundo ele, que fez parte da comissão pelo segundo ano consecutivo, o
colegiado avançou ao tratar de assuntos de interesse dos povos indígenas
e dos negros. "Foi o ano de mais visibilidade nacional e de mais
discussões para o setor", afirmou. "Antes, a comissão tinha uma minoria
que ditava regras."
Assessoria de Comunicação com Folha de São Paulo
Nenhum comentário: