1. O termo "Música Gospel" abrange um campo da música muito
vasto. Seus estilos, embora com nomes variados, possuem todos uma mesma
essência e raiz, ou seja, a música cristã negra nos Estados Unidos da
América.
2. A palavra gospel significa "evangelho" ou "evangélico".
Contudo,quando se refere a estilos musicais, um rock, um funk, um samba,
um pagode, um "pop contemporâneo", um metal, etc, são estilos distintos
e não são o gênero original cunhado como música gospel.
3. Entretanto, no Brasil, o termo Gospel passou a remeter
genericamente a toda expressão musical da fé evangélica, saindo fora, do
conceito original. Basta ter algum conteúdo cristão na letra e já a
música é reconhecida e vendida como gospel. Não importa se a mensagem é
herética, desvirtuada, sensual ou de apologia mundana. Importa vender.
4. Isto evidentemente é alimentado pela gigantesca indústria
multi-bilionária de gravação musical. Nas últimas décadas surgiu um
incontável número de gravadoras gospel. Desde as mais sofisticadas e
famosas até aquelas caseiras e quase artesanais e igualmente lucrativas.
5. As estatísticas mostram a música gospel lucrando milhões de
reais. Serve para enriquecer as gravadoras e seus respectivos cantores.
Ajuda também a enriquecer líderes sem escrúpulos que fazem uso deste
filão musical para angariar fundos para si, promover seus projetos
eclesiásticos e ministeriais. O temor a Deus e a sua palavra inexistem.
6. No afã de aumentar suas rendas e lucrar cada vez mais, a
música gospel e seus promotores se renderam as estratégias típicas do
mundo. Variados tipos de “shows gospel” são organizados para arrebatar e
entreter os incautos, os neófitos e os de fé capenga. Em alguns
arraiais tidos como evangélicos, inclusive, tornou-se prática comum a
cobrança de ingresso para a entrada em tais shows. Em outros lugares,
até o sensualismo, danças exóticas, coreografias descabidas, aplausos,
assovios, histerismos e outros comportamentos condenáveis são imitados e
repetidos tal qual sucede no mundo.
7. A imitação da conduta mundana não justifica os propósitos
(por mais nobres que pareçam ser) e fere os preceitos bíblicos
claramente expostos pelo Apóstolo dos gentios: “Não tomeis a forma deste
mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de
Deus” (Rm12.2).“Como filhos obedientes, não vos conformando com as
concupiscências que antes havia em vossa ignorância” (1Pe 1.14).
8. Existe uma questão no coração de crentes sinceros e que exige
reflexão igualmente sincera: A quem estamos imitando e qual é a
finalidade dos shows gospel cujos ingressos são cobrados? Não importa se
o ingresso esteja disfarçado como contribuição para participar de algum
sorteio ou para ajudar supostos necessitados com alimentos não
perecível ou possível ajuda missionária. Os fins não justificam os
meios. Fomos libertos do mundo e por isso não somos reféns de suas
práticas reprováveis.
9. A igreja não deve e nem pode imitar o mundo. Quem assim o
faz, anula a cruz de Cristo e se torna refém do engano e do pecado. A
esta lamentável conduta de alguns segmentos ditos evangélicos, cabe uma
única e sincera resposta: “o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie
de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé” (1Tm 6.10).
10. Sou consciente que este artigo vai atingir em cheio muita
gente que pratica, concorda e apoia esta estratégia e conduta mundana.
Sei que um grupo razoável de pessoas irá discordar da verdade que aqui
está claramente exposta.É possível até que alguns saiam em defesa do
erro e fiquem contra a ortodoxia cristã.
11. Que posso fazer? Ser politicamente correto e me calar?
Assistir passivamente o Evangelho de Cristo ser causa de ganho? Observar
multidões serem ludibriadas com palavras fingidas e falsa
espiritualidade? Graças a Deus que de antemão nos advertiu pela
Escritura: “Por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas;
sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua
perdição não dormita” (2Pe 2.3).
12. Lamento profundamente pela vida daqueles que por rebeldia e
insubmissão se recusam a enxergar a verdade. Quem está na carne não
consegue discernir as coisas do Espírito, pois elas lhe parecem loucura
(1Co2.14). O ego, a soberba, o ser sábio aos próprios olhos e a vaidade
servem de impedimento para se converterem de seus maus caminhos. Rogo a
Deus que levante mais atalaias para bradar contra o perigo iminente:
“Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e
da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! Ai dos que são
sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!Dos que
justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça!”(Isaías
5:20-23)
“Se nada for feito e se ninguém bradar, a partir do desvirtuamento da
música gospel desenvolveremos outros gêneros de pecados gospel”
Douglas Baptista é pastor, líder da Assembleia de Deus
de Missão do Distrito Federal, doutor em Teologia Sistemática, mestre
em Teologia do Novo Testamento, pós-graduado em Docência do Ensino
Superior e Bibliologia, e licenciado em Educação Religiosa e Filosofia;
presidente da Sociedade Brasileira de Teologia Cristã Evangélica, do
Conselho de Educação e Cultura da CGADB e da Ordem dos Capelães
Evangélicos do Brasil; e segundo-vice-presidente da Convenção dos
Ministros Evangélicos das ADs de Brasília e Goiás, além de diretor geral
do Instituto Brasileiro de Teologia e Ciências Humanas.
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