A chamada “indústria da multa” foi tema de debate dos vereadores de
Belo Horizonte na tarde desta quarta-feira (9) na Câmara Municipal. As
denúncias que colocam a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo
Horizonte (BHTrans) na mira dos parlamentares pode resultar na
instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
esclarecer os fatos.
As denúncias apuradas pelos parlamentares indicam que a BHTrans estaria pressionando seus fiscais a atuarem com metas para apreensão
de veículos estacionados em locais proibidos. Além disso, a quantidade
mínima de reboques atenderia aos interesses dos parceiros privados que
operam os pátios para armazenamento desses veículos. O excesso de
radares de velocidade instalados na cidade também seria um indício da
“indústria da multa”.
“É
preciso que ocorra uma CPI para investigar essa situação, pois as
denúncias são graves. Já fizemos o requerimento na Câmara e nesta quinta
(10) vamos correr atrás das assinaturas. Durante o debate percebi que
os vereadores ficaram com um certo espanto por causa das denúncias. A
indignação é grande então acredito que vamos conseguir levar a CPI
adiante. A sociedade exige transparência e é preciso que todos os
vereadores escutem as vozes roucas das ruas", comentou o vereador Gilson
Reis (PCdoB).
O vereador Jorge Santos (PRB) foi quem apresentou
as denúncias aos demais parlamentares. Ele explicou que, conforme
depoimento de funcionários da BHTrans, a gerência da empresa teria
determinado uma meta de apreensão de 1.100 carros por dia. A pressão
sobre os servidores serviria aos interesses do pátio que recebe os
veículos, uma vez que são pagos por unidade e tempo de guarda. Em nota, a
BHTrans afirmou que não há meta estabelecida, mas o contrato com o
pátio prevê um volume mínimo de 500 veículos.
Jorge Santos
afirmou que a questão precisa ser apurada com urgência e convocou os
colegas a discutir o tema. Na mesma perspectiva, Gilson Reis lembrou
outros problemas da política municipal de transportes, destacando o
excesso de radares escondidos e a iminente privatização do serviço de
estacionamento rotativo, que estariam favorecendo um esquema de
corrupção na prefeitura em favor dos parceiros privados.
“Percebemos um processo de mercantilização na relação do órgão que cuida
da gerência de trânsito em Belo Horizonte com determinadas empresas.
Nos últimos meses foram instalados centenas de radares de avanço de
sinal e controle de velocidade, sem contar com o demasiado número de
multas num verdadeiro processo de privatização do trânsito. Creio que o
melhor caminho seja a lógica educativa para orientar os motoristas”,
afirmou.
Vice-líder de governo na Casa, Bruno Miranda (PDT)
defendeu a lisura da gestão do prefeito Márcio Lacerda (PSB), mas
reconheceu que as denúncias devem ser apuradas.
assessoria de comunicação com Jornal O Tempo
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