Usuários questionaram a suspensão do tratamento fisioterápico aquático e realocação de pacientes
A Comissão de Saúde e Saneamento realizou, nesta sexta-feira (10/6), visita técnica ao Hospital Odilon Behrens (HOB), onde constatou irregularidades como a redução do setor de fisioterapia, ampliação do local para atendimentos na área de pediatria, demora para agendamento dos tratamentos, interrupção da fisioterapia aquática e deslocamento dos pacientes para outros centros de reabilitação.
Será marcada reunião
conjunta com a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais para debater a questão e será encaminhado relatório à Secretaria
Municipal de Saúde, a fim de cobrar uma solução imediata para o
problema. O tema já havia sido debatido em audiência pública na Câmara, em 24/5, quando usuários denunciaram a situação.
De acordo com o gerente da unidade de reabilitação do HOB, Half Melo,
uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), juntamente
com os alunos, por meio de parceria, utilizava o espaço para oferecer o
serviço de fisioterapia. Agora, a equipe foi transferida para o Centro
de Reabilitação (Creab) Centro Sul da Prefeitura, e os pacientes que não
quiseram receber o atendimento no novo local foram absorvidos pela
Secretaria Municipal de Saúde.
Melo informou, ainda, que eram atendidos, ao todo, 17 pacientes na
fisioterapia aquática, sendo que destes, 14 foram adaptados para o solo e
os demais tiveram alta ou não receberam indicação para permanecer no
solo. Ou seja, todos os pacientes da fisioterapia foram realocados.
Conforme destacou o gestor, alguns pacientes estão fazendo acupuntura,
para complementar o tratamento. O Hospital Odilon Behrens atende,
mensalmente, 78 pacientes na área de fisioterapia e possui um terapeuta
ocupacional.
Já a pediatria do Hospital Odilon Behrens, referência na
especialidade em Belo Horizonte, atende, em média, 200 crianças por dia.
Com 35 leitos pediátricos na internação, 10 leitos de terapia intensiva
pediátrica, além de 30 novos leitos na unidade de atendimento
pediátrico respiratório, o hospital possui, ainda, uma unidade neonatal
com 40 leitos, 10 CTIs pediátricos, 7 leitos de atendimento de
emergência, ressaltando que, na urgência, são atendidas 900 pessoas por
dia e, no ambulatório, 600.
Restrição orçamentária
Segundo a superintendente do Hospital Odilon Behrens, Paula Martins,
por meio de convênio com a Secretaria Municipal de Saúde, a UFMG, antes
parceira do hospital no serviço, foi realocada para outra área. “A
partir de então, retomou-se a missão do hospital de atuar,
prioritariamente, em urgência e emergência”, contou.
Quanto à fisioterapia aquática, Martins relatou que a piscina
apresenta vários problemas técnicos e, por isso, foi interditada. “Como
temos, agora, uma grande restrição orçamentária, investir em reparos na
piscina não é uma prioridade do hospital”, salientou. De acordo com ela,
a piscina apresenta problemas de inclinação e infiltração e, portanto,
não pode ser utilizada. “Além disso, o atendimento aquático é
prolongado, não está dentro do escopo do hospital e é um serviço que
beneficiava um número muito restrito de pessoas”, completou.
Problemas apontados
Preocupados com a interrupção da fisioterapia aquática em março deste
ano, os usuários relataram, por sua vez, que a referida modalidade é
decisiva, em muitos casos, para a recuperação do paciente. Além disso,
ressaltando que esse tipo de serviço é o único disponibilizado na
cidade, reclamaram da distância e do deslocamento para outros centros de
reabilitação. Destacaram, ainda, que o espaço para atendimento na área
de fisioterapia foi reduzido.
O presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (Crefito), Anderson Coelho, questionou a gestão quanto à não
comprovação de que a piscina estava condenada, redução do número de
profissionais ao longo do tempo, ausência de contrato com a UFMG,
insuficiência de centros de reabilitação em Belo Horizonte, que ainda
não foram abertos em outras regiões, e distância de deslocamento para os
Creabs, para que possam dar continuidade ao tratamento.
Coelho apontou, ainda, dados do DataSus sobre a fiscalização, que
mostram que os profissionais atendem mais pacientes por hora do que o
previsto por lei e têm que enfrentar filas para serem atendidos. Segundo
ele, o HOB representa 20% do total de pacientes da fisioterapia,
atendidos no Município. “Assim, a realocação para outros locais irá
sobrecarregar ainda mais o atendimento, causando prejuízos ao usuário”,
constatou.
Assessoria com CMBH
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